João* quer a guarda compartilhada do filho. Joana* quer a guarda unilateral para si.
João, sabendo a atitude de Joana, resolve que também quer a guarda exclusiva. Porém, ela viu que, inicialmente, ele queria acordo e diz que aceita flexibilizar na pensão e nos dias de visitas.
João não quer acordo, pois considerou a atitude mesquinha. Joana, ao saber que João também quer a guarda, fica ofendida e diz que não quer mais negociar.”
Essa narrativa é bem comum em casos de guarda compartilhada. Note que, ao saber da atitude do outro, cada um muda o seu comportamento. As decisões de um afetam a do outro. Cada um tem seus objetivos, mas, não necessariamente, eles são opostos. Estamos diante de um problema matemático chamado Dilema do Prisioneiro Iterado, desenvolvido a partir da Teoria dos Jogos (aquela que fundamenta o filme “Uma Mente Brilhante”). Significa que duas pessoas tomam atitudes individuais sem saber como o outro vai agir. Ao tomar ciência da ação feita pelo outro, utiliza como base para seu próximo movimento.
É difícil dizer quando as hostilidades entre os pais começaram, ou quem tentou se proteger primeiro, quando trata-se dos desentendimentos sobre a guarda dos filhos. É certo, porém, que se houvesse uma confiança recíproca, poderiam chegar a um resultado mais benéfico.
Mas, para que cooperar se o outro pode trapacear? Como confiar e ser altruísta?
Um teme a atitude do outro. Por isso, um acordo de guarda compartilhada quase sempre é dificultado. Pensam que a cautela é mais importante. A expectativa de benefício futuro é o que faz a pessoa correr riscos.
“O equilíbrio a ser buscado é que, não necessariamente um precise perder para que o outro possa ganhar”
A maturação de uma negociação familiar pressupõe que os envolvidos sintam que seus objetivos estão suficientemente atingidos. Não necessariamente um precisa perder para que o outro possa ganhar, esse é o equilíbrio a ser buscado. O acordo está maduro quando os envolvidos se preocupam mais com seus ganhos do que com os ganhos do outro.
A elaboração de uma negociação familiar madura pressupõe que os envolvidos sintam que seus objetivos estão suficientemente atingidos. O equilíbrio a ser buscado é que, não necessariamente um precise perder para que o outro possa ganhar. O acordo está maduro quando os envolvidos se preocupam mais com seus ganhos do que com os ganhos do outro.
> João estava preocupado em ter um tempo de convívio satisfatório com o filho, pois não gostaria de ficar distante durante seu desenvolvimento.
>Joana estava preocupada com o fato de ganhar menos que o pai do seu filho . Por isso, não conseguiria manter um padrão de vida e isso faria com que o menino não gostasse de morar com ela.
>João queria participar das atividades da rotina do filho, mesmo quando não fosse dia de dormir com ele.
> Joana teme que o filho fique aos cuidados de estranhos quando na casa do pai.
João e Joana fazem um acordo. Concordam com a guarda compartilhada, para que os dois tenham responsabilidades pelo filho. Assim, ambos podem participar livremente de suas atividades rotineiras. Como João ganha mais que Joana, ele enviará um valor mensal para ela, a fim de que o filho possa ter o mesmo padrão de vida da casa dele. Os dias de convívio são divididos igualmente, permitindo que o menino tenha uma rotina estável. Ambos os pais se comprometem a estar presentes em seus dias de convívio e a flexibilizar uma troca com o outro nas ocasiões em que precisarem se ausentar.
Ficou claro como os objetivos de cada um não são opostos, mas sim interdependentes?
Os dois atingiram seus objetivos fazendo concessões, em outros aspectos, que não afetam seus ganhos prioritários. O equilíbrio atingido permite que o filho seja o maior beneficiado.
*Os nomes aqui citados são fictícios, assim como a história que é utilizada apenas para exemplificar uma situação.